domingo, 10 de março de 2013

domingo




Escrever sempre me salva.
É que no fim de semana eu cometi uns enganos. Não grandes. Comezinhos e nem erros novos foram. Erros diferentes até me excitam. Mas estes iguais!...detesto coisas que não acrescentam. A vida é curta, não convém gastar tempo com mesmos erros. Lembrei da música de mesmo nome. Não gosto.

Não costumo dedicar meu tempo a pessoas, coisas e ações que não me brilham os olhos. Mas às vezes, essa solidão. E lá estava eu, de pé, na sua porta. Aceitei o seu convite e nem sabia porquê. Titubeei até o último instante. Eu sabia que era um erro. Mas havia também a curiosidade que há no início das coisas, e aquela sexta enorme, e eu ali, à toa. Estava quente e sua casa era ampla e arejada. Fui.
E foi tudo médio. Médio como só uma noite que começa com os sentimentos que esta começou (tédio, solidão, necessidade de preencher; o quê, ao certo, meu Deus) pode ser. Eu poderia deixar pra lá e simplesmente esquecer, mas eu detesto desperdiçar meu tempo, principalmente com coisas mornas. Então fico aqui, me amaldiçoando por ter ido à sua casa. Por ter me sujeitado ao meio termo. Por você não ter ligado, nem eu, depois desta sexta. E por eu não ter sentido nada com a ligação que não veio. Mas então eu vim aqui, e coloquei o meu desapontamento para comigo no papel. E me sinto melhor. Escrever sempre me salva. Mesmo que a noite se perca entre as estrelas idas sem maior proveito.

Notas sobre a paisagem: 1) aprender a ser mais branda comigo; 2) aprender a jogar videogame, fazer bolos ou pintura em pano de prato, a fim de evitar preenchimentos desnecessários em noites quentes de sexta.

eu





Sou a moça em desalinho. A que observa. Minha melhor apresentação diante da vida. Sou um sonho meu, uma quimera distorcida entre o que queria me tornar e o que não pude. Sou um pouco de cada. Sou muito de nada. Não tenho descrição linear. Sou um mistério. Não sou o que queria. Sou o que posso e admito. Em dias de chuva, me enxergo na paisagem; sou água sobre os campos, sobre os rios gelados, sobre as folhas secas. Sou alegre e triste, mas não me enxergo em dias de sol. Sou da noite alternada entre mal e cura. Sou às vezes a intérprete insincera dos meus desejos. Me odeio por isso. Mas me amo quando adivinho o que quero. E tento. O que me define melhor é que apesar de, tento. Não sei se sou moça pra casar, mas gostaria. Eu acho. Não sei se sou pessoa de se ouvir, mas falo. Às vezes. Mas há tantas paisagens, reais e imaginárias a serem comentadas!...Discorro sobre elas, então. E sua incidência sobre mim. Ou o contrário.